Environmental, social and governance e risco de insolvência: evidências no contexto brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.24023/FutureJournal/2175-5825/2024.v16i1.844Palavras-chave:
ESG, Insolvência, Mercado acionário brasileiroResumo
Objetivo: Analisar a influência do conjunto Environmental, Social and Governance (ESG) no risco de insolvência das empresas de capital aberto no Brasil.
Originalidade/Valor: O estudo se justifica por desenvolver a literatura sobre a influência do ESG sobre o risco de insolvência no contexto emergente do mercado acionário brasileiro. Nesse país, observa-se um aumento no número de organizações que decretaram falência e tiveram seus pedidos de recuperação judicial deferidos e concedidos entre 2011 e 2019 (Serasa Experian, 2022). Em resposta aos frequentes escândalos financeiros que ocorrem mundialmente e à pressão de autoridades, Organizações Não Governamentais (ONGs) e partes interessadas, um número cada vez maior de empresas está buscando adotar práticas de responsabilidade social, sustentabilidade ambiental e governança adequada como parte de sua estratégia. Nesse sentido, identificar variáveis que possam ajudar a reduzir as dificuldades financeiras é de extrema importância para investidores e outras partes interessadas.
Métodos: Utilizou-se do método de regressão logística para evidenciar os resultados. A variável dependente foi mensurada por meio do Z-Score (Citterio & King, 2023). As variáveis explicativas foram ESG, Return On Assets (ROA), tamanho, alavancagem financeira e liquidez corrente. Os dados foram coletados na base Refinitiv Eikon, considerando o período de 2002-2022. Foram excluídas da amostra as empresas financeiras e as observações que não apresentaram todos os dados necessários.
Resultados: A variável ESG (agrupada ou não) se mostrou significativa, apresentando uma relação negativa com o risco de insolvência. Foi verificada que a adoção de cada uma das práticas mencionadas, ambiental (AMB), social (SOC) e governança (GOV), dentro da empresa, diminui as chances associadas ao risco de insolvência em torno de 1,01 a 1,03 vezes. A validade do modelo de regressão logística foi constatada por meio da Receiver Operating Characteristic Curve (ROC), no qual foi encontrado um valor em torno de 0,68 para a área sob a curva ROC.
Conclusões: O ESG (agrupado ou não) influencia no nível de solvência das empresas, contribuindo para um menor risco operacional e para um melhor desempenho financeiro. Os achados proporcionam a reflexão de que as empresas devem investir em suas estruturas ambientais, sociais e de governança, pois geram benefícios numa perspectiva de resultados de longo prazo. Para isso, as organizações precisam delinear suas estratégias, incorporando discussões sobre ESG em sua agenda, que sejam apropriadas e que corroborem com proposição de ações viáveis de operacionalização em seu setor de atuação.
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